Este problema de forte componente hereditária pode ocorrer em todas as idades, aumentando o risco em cães mais velhos. Normalmente, resulta de um conjunto de factores de origem genética (tais como peito profundo, lassidão dos músculos que sustentam o estômago, temperamento excitável, sofreguidão), combinados com uma dieta excessivamente rica em hidratos de carbono e uma articulação errada e desregrada entre os horários das refeições e a prática de exercício físico. O estômago incha devido à ingestão excessiva de água, comida, ar e poderá torcer-se, estrangulando o duodeno e o piloro e impedindo a circulação sanguínea. O problema requer intervenção imediata do veterinário, que procederá a um esvaziamento do estômago e, eventualmente, a uma gastropexia (cirurgia de urgência que fixa o estômago nas paredes abdominais e deve ser feita nas primeiras oito horas).
Cães que sobreviveram a uma torção gástrica deverão ser operados, porque o risco de virem a ter mais torsões é elevado. Os primeiros sintomas consistem no aumento de volume abdominal (especialmente no lado esquerdo, com o estômago duro), tentativa de vómito, inquietude; o cão manter-se-á ofegante, parado de pé, andando devagar ou deitando-se quieto. Se isso suceder, voe para o veterinário, porque duas horas são tempo suficiente para o animal morrer em grande sofrimento. A dilatação gástrica nem sempre é sucedida por uma torção. O cão apresentará o abdómen dilatado e duro mas sem os outros sinais clínicos. A condição tenderá a normalizar-se por si mesma mas o animal estará muito mais propenso a sofrer uma torção de estômago, pelo que também neste caso será aconselhável a gastropexia.
(texto retirado do meu livro "Cuidar do Cão da Serra da Estrela / Rearing the Estrela Mountain Dog")
Imagens retiradas daqui.